Ouvindo para escutar
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Li no Instagram há tempos uma frase mais ou menos assim "você ouve para responder ou para escutar?"
Peço perdão por não citar a frase em seu exato e quem a escrever. Em tempos de modernidade líquida as redes sociais são para mim o exemplo mais 'concreto' dessa era, onde as informações passam e se você não salva, nunca mais encontra. Essa frase ficou ecoando na minha mente depois do meu último texto.
Já reparou que algumas vezes durante uma conversa está ouvindo para criar uma resposta. E em resposta, quero deixar claro que é um diálogo mais profundo do que uma conversa básica em que você realmente precisa resposta de forma lógica para o assunto continuar, como "aceita um café?", se não responder, acaba por aí e com um clima meio estranho.
Mas estou falando sobre aquelas situações em que uma pessoa vem expor seus sentimentos e/ou percepção sobre determinado assunto.
Como, quando meu companheiro ao final do dia expõe desafios, sucessos e dúvidas sobre seu trabalho e vida. Ou quando uma amiga conversa sobre as mudanças, as felicidades ou algo que está fazendo ela quebrar a cabeça para compreender e definir. Quando seus pais começam a expor suas percepções sobre algum assunto específico.
É necessário saber ouvir, parar de tentar sempre ter uma resposta, como se tudo fosse simples e fácil e principalmente normalizar respostas como "eu não sei", "estou ouvindo, mas não tenho uma opinião formada sobre" e está tudo bem não saber responder. É preciso estar presente na conversa, estar atento e conhecer nosso limite e capacidade. Não sabemos de tudo (ainda bem!) e percebemos e compreendemos o mundo a partir apenas da nossa perspectiva limitada, das nossas dores e conquistas.
Quando aprendemos a ouvir, aprendemos também a responder com coerência e não só para preencher lacunas. A linguagem vai muito além da fala.
E claro, terapia é sempre bem vinda para ser ouvido e aprender a ouvir e conhecer-se.
Isabelle Linhares
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