O eletricista e a memória curta | Relato

Eu particularmente não gosto quando as coisas não são resolvidas e ficam para depois sem um acordo exato de quando, como diz meu avô “o depois sempre chega atrasado”.

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Esse é o primeiro de texto de uma série de relatos que traremos, com situações que mulheres precisaram presenciar, apenas por serem mulheres. O intuito destes relatos é mostrar que não estamos sozinhas, que mulheres possuem voz e também nos mostrar e afirmar que algumas atitudes da sociedade devem ser alteradas.

O relato de hoje aconteceu comigo, Isabelle, logo que me mudei para o apartamento novo. Aliás sobre o apartamento e eletricidade eu quase poderia escrever um livro de tantas desventuras que ocorreram conosco no período de quase 3 anos.

Eu e meu marido compramos um apartamento novo e logo que a construtora entregou as chaves começamos a organizar as coisas para realizar a mudança. Uma das primeiras ações a serem feitas era solicitar que a energia elétrica fosse ‘ligada’ no nosso apartamento para que assim pudéssemos fazer as outras coisas, nos mostrando mais uma vez o quanto somos dependentes da eletricidade, sem ela muita coisa não acontece.

Lembro que logo depois que a distribuidora de energia liberou a eletricidade para o apartamento fomos um dia lá, testar se estava tudo certo.

Adivinha? Não estava. Uma parede inteira não estava funcionando, no princípio achamos que o problema poderia ser o Disjuntor daquela área, ou algo nesse sentido. Na semana seguinte falamos com a construtora sobre o problema, após alguns dias tivemos resposta que enviariam o responsável pela parte elétrica para analisar e resolver a situação.

Uma data foi marcada para resolver a situação, meu marido nesse dia conseguia se deslocar do trabalho para receber a pessoa que ia resolver o nosso problema, no fim foi descoberto o problema e ‘resolvido’, haviam esquecido de puxar um fio para alimentar as tomadas, mas para arrumar, o eletricista disse que ia fazer uma gambiarra e que quando fossemos furar o gesso para colocar a iluminação, ele voltaria e arrumaria.

 Eu particularmente não gosto quando as coisas não são resolvidas e ficam para depois sem um acordo exato de quando, como diz meu avô “o depois sempre chega atrasado”.

Passou umas semanas até colocarmos a iluminação, quando o fizemos chamamos o eletricista para vir ver sobre a questão que havia sido acordado antes, para ele arrumar. Mas ele não lembrava desse acordo e demorou alguns dias até que conseguíssemos que ele se descolasse até o apartamento e de fato concertasse o que estava incorreto desde a entrega.

Neste último dia em que ele se deslocou, ainda não lembrava exatamente o que tinha combinado da outra vez, qual era o motivo dele estar ali. Mas as vezes acontece, por trabalhar com vários projetos diferentes, a gente compreende que as vezes precisa dar uma ‘refrescada’ na memória.

Sabe aqueles momentos em que você se sente testada? Que sabe que estão duvidando de você? Nessa manhã tive essa sensação, quem o atendeu fui eu. Obviamente eu sabia de toda a trajetória até ali com rede elétrica do apartamento. Minha surpresa foi quando ele chegou, olhou e insistia que estava tudo certo, fazia os testes nas tomadas e interruptores.

Eu NÃO ESTAVA SENDO OUVIDA, você já teve essa certeza de não estar sendo ouvida? De que está sendo ignorada? Bem, então a partir do momento em que eu vi ele que poderia ir embora sem resolver de fato o problema que ele mesmo tinha criado lá no início, eu acabei de não sendo a pessoa mais educada do mundo, falei de forma clara e objetiva os problemas, a trajetória e lembrei ele dos fatos até chegarmos ali e pedi para que ele fosse até a tomada em que havia feito o ‘reparo’ na última vez e olhasse para a mesma.

Aí a nossa conversa começou a ter resultados produtivos, em minutos ele olhou, recordou e esclareceu os fatos do que havia feito a última vez e do que estava realizando no momento.

Apesar a ‘conquista’ do dia, pensei muito sobre isso, sobre questões de não ser ouvida, de duvidarem da minha capacidade, de ignorarem o que digo. Se meu marido estivesse em casa seria diferente? Nunca saberei, mas tenho alguns palpites sobre essa resposta.

Em um outro momento conto mais alguns relatos que tive com a eletricidade no apartamento, como eu disse lá no início, poderia escrever um livro sobre os problemas elétricos que tivemos por aqui.

Você já passou por alguma situação semelhante?

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