Mulher. De sangue, liberdade e do batom
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Hoje, como toda madrugada, peguei uns doces e me afundei em pesquisas pra alinhar os pensamentos. Comecei do básico: de onde vem o termo "vulgar"?
Em suma, do latim vulgaris (uma derivação de vulgus), que significa multidão, comum. Então vulgar é, resumidamente, algo usado pelo povão, sem traços de nobreza. Soa familiar, não soa? Uma palavra burguesa, elitista, que trata a plebe como ordinária e chula.
O machismo, estruturado como é, veio junto com o patriarcado: heranças passadas a filhos legítimos, ascensão dos relacionamentos monogâmicos para as mulheres, poligamia escrachada para os homens, num cenário em que, cada vez mais, as leis favoreciam o falo. Qualquer mulher que buscasse liberdade não tinha escolha longe da prostituição.
É aqui que entra a nossa figura de mulher vulgar (doeu estruturar a frase, mas sim, nossa! Minha também). Batom vermelho, roupa curta, seios à mostra, olhares penetrantes e insinuantes. Essa é, inquestionavelmente, a imagem que nos vêm à cabeça quando personificamos a vulgaridade.
Indo um pouco além, também me lembra o gosto por bebida forte, a liberdade sexual, a falta de pudor, o falar alto, a libertinagem. As meretrizes se comportavam como qualquer homem que eu conheço sempre se comportou (tu sabe que sim, boy conservador).
Em teoria, direitos iguais, não é? Infelizmente passamos longe na prática, onde o discurso misógino prevalece!
Uma das músicas que eu levo como hino se chama Geni e o Zepelim, do Chico. Ela é um resumo da sociedade, levemente romantizada, mas transparente e dolorosamente fiel. Pessoas estão atirando pedras em pessoas que só querem ser livres! No cenário atual ninguém é livre, viu boy? Nem eu, na minha vulgaridade e ousadia, nem tu, que só se prova homem se ficar ereto.
Parem de nos dividir entre virgens e prostitutas, santas e sedutoras. Parem de demonizar em nós o que vocês sempre fizeram. Parem de achar que fotos de mulheres em redes sociais são pra despertar o interesse de vocês, quando elas servem pra reacender -em nós- o carinho por nós mesmas.
Ser uma mulher vulgar significa ousar ser livre, ousar se desprender das amarras e se empoderar de si mesma. Ser vulgar é ser mulher. Plena. De si e de mais ninguém.
Suelen Marini
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