Momento Nostalgia
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Viajei meu pai e eu para estudar e conhecer Buenos Aires, através de um intercâmbio organizei e paguei tudo por meio de um pacote e foi programado que ficaríamos na casa de uma senhora no bairro da Recoleta. Minha mãe também iria ao final de semana após a nossa viagem, ficou na casa de um irmão de uma amiga sua chamada Juliana que ficava um pouco distante da casa de Dona Elsa, mas poderia chegar até lá de metro. A dupla viajou no domingo com a companhia aérea Pluna e chegou à capital da Argentina a noite. Eu já fazia espanhol há algum tempo no Brasil com uma professora uruguaia, então possuía certo domínio na língua, mas seria uma experiência nova e seu pai achando que se comunicaria super bem com o portunhol fez bem poucas aulas.
Já no primeiro dia ele sentiu a dificuldade que teria com a comunicação, chegando ao aeroporto o taxista que nos levaria até nossa residência no país não entendia muito que ele falava e disse que me entendia melhor. Chegando ao apartamento de Dona Elsa, ela também não entendia muito ele, pois só falava espanhol, inglês, francês e italiano. Trabalhava num escritório onde traduzia textos do italiano para o espanhol e também dava aula. A recepção foi muito boa já no primeiro dia, ela estava esperando com a casa toda limpa, já distribuindo nós em cada quarto e com a janta pronta. A senhora era uma excelente cozinheira e fazia muitos pratos saborosos, nada de excesso, mas deixava os três muito satisfeitos.
No dia seguinte teriamos que se organizar para início das aulas (intensivo), conforme informação da agência de viagens para chegar até a escola seriam 15 minutos de táxi, mas esqueceram de comentar que em alguns horários o trânsito é complicado até em Buenos Aires. Dona Elsa sugeriu chamar o táxi sempre pelo telefone porque alguns se aproveitam dos estrangeiros, mas com um tempo um pouco maior para não ocorrer atraso. No pacote comprado estava incluído local para dormir, café da manhã e janta. Almoços fariam pela cidade. A dona da residência pediu nossos gostos, mas no primeiro café da manhã faria o que tinha se programado e para os próximos compraria o que sugerimos como doce de leite, frutas, bolachas salgadas para lanche, etc. Ela sempre se preocupava com os hóspedes. Ela tinha café preto, leite, suco de caixinha, torradas, requeijão, geleia. Algo muito saboroso.
Na manhã seguinte acordamos para tomar o café de Dona Elsa e nos organizarmos para ir para aula, conforme auxílio dela o táxi foi chamado pelo telefone para o nosso “tele táxi” e saímos com 15 minutos de antecedência como as explicações da empresa de Caxias do Sul, mas eles não informaram que teríamos um trânsito grande nesta hora da manhã e chegamos ao local um pouco atrasado e já decidido que no dia seguinte sairíamos mais cedo da residência. Chegando à Expanish School fomos encaminhados para uma sala onde passaríamos por um teste para verificar o nosso nível de espanhol e em que turma ficaríamos pelos próximos 15 dias. Eu entendia praticamente tudo, porém respondi sem me preocupar com a ordem verbal e gramatical da língua local, então fiquei no final do nível básico entrando no intermediário. Meu pai ficou nas fases iniciais.
Sempre tínhamos intervalo no meio da manhã e terminávamos às 13h. A empresa que vendeu o pacote fez o trabalho muito bem feito, mas sugeriu essa escola por ser menos frequentada por brasileiros e assim poderíamos trabalhar mais a língua espanhola, porém só na minha turma tinha 3 brasileiros contando a minha pessoa, 1 coreano, 1 finlandês e de mais um país e o professor portenho. O professor sempre comentava que o pior ou o erro do brasileiro é pensar que fala espanhol, mas que na verdade fala é portunhol e comete muitos erros gramaticais. Então, ele me corrigia bastante, porém tinha certo domínio na língua. Tinha uma sala/biblioteca de estudos, sala de vídeo e várias atividades para quem desejava no turno inverso das aulas.
Após o período de aula sempre tinha atividades no turno da tarde para quem queria continuar na escola ou quem queria estava liberado para conhecer Buenos Aires. No primeiro dia também orientaram como se deslocar pela cidade para não passar pelos problemas que qualquer cidade ou país pode ter. Uma tarde meu pai e eu resolvemos assistir um filme em espanhol na própria instituição para treinar a língua deste local e também para obter uma convivência diferenciada com os colegas, também em um dos passeios resolvemos conhecer um shopping argentino e assistir os Smurfs em castelhano como eles mesmo intensificam.
Nos outros dias almoçávamos perto da escola na Calle Florida (Rua Florida) e depois conhecíamos os pontos turísticos ou perto da residência onde estávamos. Os almoços e jantares eram banquetes saborosos, normalmente no cardápio escolhido sempre tinha uma bebida e um postre (sobremesa) incluso no valor e a janta na casa de Dona Elsa também não perdia em nada, sempre com variedades sopas, carnes, risotos, pães de queijos, massas, etc.
Também durante este período minha mãe conseguiu se organizar e foi visitar a cidade Européia na América. Como tenho uma amiga que na época o irmão morava em Buenos Aires, ela foi visitá-lo e Lisete foi junto ficando hospedada uma noite na casa dele e as duas se fazendo companhia na ida e volta. Pelo contrato feito na companhia aqui em Caxias e com a escola de Buenos Aires, mais ninguém poderia dormir na casa de Dona Elsa, mas ela entendendo a situação e vendo que queríamos passar junto esses poucos dias que minha mãe estava lá deixou. Dormimos na mesma cama e um dos dias que ela estava pela cidade era feriado de San Martin e não tivemos aula, então aproveitamos para passear o dia inteiro com o ônibus turístico que existia. Como o ingresso permitia descermos e subirmos nos ônibus desta empresa durante 24 horas nos pontos e horários estipulados por eles, nós íamos até um ponto turístico e onde tínhamos vontade desembarcávamos, fazíamos o passeio, a caminhada, conhecíamos, fazíamos compras e depois pegávamos o próximo para ir até mais um ponto. Almoçamos pela Calle Florida, assistimos uma apresentação de Tango no Café Tortoni.
A mãe voltou para casa com Juliana num voo conturbado, pois estavam juntos aos torcedores de um time da Argentina que tinha ganhado um campeonato e eles faziam muita bagunça e nem queriam saber se tinha passageiros que não queriam ser importunados neste período. No final chegaram tudo bem.
Eu e o meu pai ficamos por lá por mais uma semana, fazendo aulas e conhecendo a cidade. No final teve uma formatura onde ganhamos diploma e retornamos ao Brasil. A volta dos dois também foi conturbada porque o vôo fez uma escala em Montevidéu e o período que ficariam neste aeroporto seria curto, mas em função de atrasos nos vôos ficamos no local por mais 5 horas. Chegamos a Porto Alegre e pegamos um ônibus para Caxias chegando à cidade por volta das 10 horas da noite. A experiência foi muito boa e significativa para ambos.
Roberta Spader
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