Eu, meus vínculos e dezessete parênteses.

Pouco tempo atrás eu conheci um homem: cativante, entusiástico, interessantíssimo, inteligente, lindo e não-monogâmico (é, essa última parte me pegou também). Na primeira vez que saímos eu já sabia da não-monogamia e já tinha começado a pesquisar antes mesmo de nos encontrarmos (a louca dos estudos sou eu).

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Pouco tempo atrás eu conheci um homem: cativante, entusiástico, interessantíssimo, inteligente, lindo e não-monogâmico (é, essa última parte me pegou também). Na primeira vez que saímos eu já sabia da não-monogamia e já tinha começado a pesquisar antes mesmo de nos encontrarmos (a louca dos estudos sou eu). Me pareceu a típica ideia linda na teoria, mas insustentável na prática, afinal eu sempre tive pra mim a ideia consolidada de que preciso de exclusividade. Saímos uma, saímos duas e na terceira eu já estava "arriada os quatro pneus e o estepe". A comunicação era incrível, o diálogo, os debates, a química, o sexo. Com Jeová nada era raso. Nenhuma preocupação era irrelevante e tudo era livre. Estava sendo uma experiência linda. 

Com o tempo conheci a namorada poliamorosa do meu vínculo (aprendi que é assim que chamamos nossas conexões afetivas) e eu conheci uma das mulheres mais incríveis que tive o prazer de encontrar. Forte, radiante, emotiva, fala das próprias vulnerabilidades como quem fala de cachorros. Fala de cachorros como quem fala de anjos (que são, eu acho que são!). Julia me brilha os olhos sem esforço nenhum, as nossas conversas são infinitas e quanto mais eu me afundo na profundidade que ela é, menos eu tenho controle de mim. Julia é extraordinária. Não demorou muito pra eu estar inerte. Absorta no sentimento mais louco da minha vida. Apaixonada por duas pessoas que seriam meu preenchimento ou minha ruína (ao menos era o que eu pensava). A relação se mostrou fácil, fluida, com conversas lindas, preenchida de empatia e cuidado. Estamos aprendendo juntos sobre a nossa relação, construindo juntos as nossas dinâmicas e enfrentando juntos nossos fantasmas e inseguranças. Pela primeira vez eu sinto que vivo na mesma página que alguém, sem sentimentos incompatíveis, sem cobranças desnecessárias, sem peso desgastante. A fluidez do poliamor é, possivelmente, o encontro mais bonito que tive com meus próprios medos nos últimos tempos. Eu já não enfrento mais meus monstros sozinha, minhas pessoas estão aqui, pra abraçar, dividir e acolher. Por hora a gente se tem e por hora tem sido lindo. Nesse momento eu não tenho um desfecho pra contar e encerrar o texto (pois é, eu comecei a escrever uma história sem fechamento), eu só estou esperando pelos próximos capítulos enquanto escolho viver momentos lindíssimos e abrir espaço pra forma de amor mais louca que já me brotou.


Pra encerrar meu texto quero contar um pouquinho do que tenho aprendido sobre poliamor (lembrando que eu também estou aprendendo e ainda é um processo pra mim).

Pra começar, poliamor não é sobre sexo, é sobre conexões e responsabilidade afetiva com os vínculos que cultivamos;

Pra conseguir manter uma relação aberta de forma saudável o diálogo é fundamental. Abrir nossas inseguranças com os nossos vínculos gera pílulas de segurança;

O ciúme existe, mas a gente sempre opta por ceder mais espaço pra compersão (que é provavelmente a palavrinha mais bonita do meu novo dicionário). Compersão é sobre ficar genuinamente feliz por nossos afetos conhecerem e terem experiências incríveis com outras pessoas;

O poliamor precisa fazer sentido pra quem o vive, pra que não gere desconforto pra nenhuma das partes envolvidas. Mas se fizer sentido pra ti, eu sinto que a experiência vai ser linda. 

Por hora é tudo o que eu tenho pra contar, mas espero vir com novidades tão quentinhas quanto o meu coração tem estado. Até!

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