Divagações sobre hoje, 12/06/21, dia dos namorados e dia de Santo Antônio

Fui educada no século passado, literalmente. Embora minha mãe tenha sido sempre pra frente com conselhos de modernidade, alguma coisa dentro de mim, provavelmente os conceitos sociais, novelas e fotonovelas, e até as conversas da mãe quando ela tinha as recaídas, me influenciaram a encontrar a cara-metade.

Categorias

Tags

Bem a minha cara: meus pensamentos se misturam na mente como um amontoado de fios embaralhados dentro da caixa de ferramentas, meu cérebro amado. Desde o dia do convite para escrever para este blog eu tento eleger o tema mais interessante da caixa, porém meu camaleonismo dificulta elencar apenas um assunto. É tudo tão relevante! Como escolher unzinho? Pensei, então, em começar pelo hoje. 

Fui educada no século passado, literalmente. Embora minha mãe tenha sido sempre pra frente com conselhos de modernidade, alguma coisa dentro de mim, provavelmente os conceitos sociais, novelas e fotonovelas, e até as conversas da mãe quando ela tinha as recaídas, me influenciaram a encontrar a cara-metade. Como mocinha artista, primeira filha, neta e sobrinha da família, acordava todos os dias pensando em quando despertaria ao lado d’O Bem Amado. Cresci apaixonada por tudo e todos, namorei alguns, fiquei com muitos, me desiludi inúmeras e casei três vezes, todas sem aliança nem vestido de noiva. Como sempre me defini avant-garde, isso nunca fez falta e foi “na vida real”. Conforme o tempo que duraram os loves, fui amadurecendo e entendendo que o amor é bem diferente do que eu imaginava lá atrás. 

Hoje em dia, depois de muitas leituras e terapias, não tenho nenhum arrependimento e vivo feliz entre minhas filhas, meus gatos e minhas artes. O namoro ainda perambula nos pensamentos embrulhados da caixa, a danadinha liga o pisca-pisca e me vejo buscando o abraço aconchegante, afinal namorar é tudo de bom! Ficam as dicas musicais dos anos setenta ─ só poderia ser ─ Amor de Índio do mineiro Beto Guedes e “A maçã” do mucholoco Raul Seixas (a meu ver, a letra é muito verdadeira). 

E viva Santo Antônio! 

Falando nele, confesso que tenho uma estátua nova, porque a milagrosa, motivo deste texto, foi quebrada numa jogada de bola mal projetada durante uma brincadeira dentro de casa. Sem problemas, mesmo, as coisas não duram pra sempre. Pelo que me lembro, o primeiro Santo Antoninho (como eu me refiro ao meu) foi a mãe que me presenteou. Até hoje funciona assim: tem que ganhar. O meu veio uns cinco anos depois do fim do segundo casamento. Na época eu vivia meio tristonha, mesmo que rodeada pela minha família e trabalhando pra caramba ─ dava aula de tudo um pouco, cantava em uma banda de baile, a Blue Moon, no Coro Cênico Eco dei Monti, e tinha um show solo na Cave (bar do Hotel Alfred Palace), o “Minha Alma Canta”. Enfim, não tinha muito tempo pra namoricos. 

Eis que caiu na minha mão uma Novena para Santo Antônio dada pela minha professora de piano (eu também estudava umas cinco horas de piano por dia). Era um papel com uma oração, instruções e uma fita mimosa azul-claro de trinta centímetros. Da oração eu não lembro, mas tinha que ser com muita convicção, estar precisando muito, muito de alguma coisa, sempre no mesmo horário durante treze terças-feiras, dando um nó na fita a cada pedido, fazendo o mesmo três vezes. Parece complicado, mas eu fiz exatamente como o papel mandava: consegui distribuir as réplicas convencendo trinta e nove pessoas a receberem a novena. O detalhe é que não precisava executar, mas pelo menos guardar o papel até que precisasse muito da realização de uma coisa. Difícil foi dar os três últimos nós na fita, porque ela foi ficando menor à medida que os nós eram confeccionados a cada semana. 

O resultado foi certeiro. Conheci o melhor namorado, pai das minhas filhas e, hoje, meu melhor amigo. Fim. 





Cibele Tedesco 

cantora professora de música regente coral 

@cibitedesco

Cibele Tedesco - Youtube

Cibele Tedesco - Facebook 


Compartilhe nas redes sociais